Novo aparelho descobre a intolerância alimentar

Dor abdominal, sensação de inchaço no abdome, flatulência, diarreia e vômitos são alguns dos sintomas que costumam acompanhar as vítimas de intolerância alimentar, em geral causada por reação à enzima presente no leite, em frutas e outros. Em todas essas pessoas, a dor abdominal, em forma de cólica, próxima à região do umbigo, é sempre observada e causa profundo desconforto.

A boa notícia é que agora é possível realizar em Rio Preto o diagnóstico com um equipamento simples, de forma objetiva. O resultado facilita o diagnóstico e consequentemente o tratamento da intolerância alimentar, que até então era feita com base em um exame genético. Sabendo qual a origem da intolerância, é possível adequar a dieta do portador do problema para evitar o sofrimento causado pelo consumo inconsciente.

Denominado Gastrolyser, o aparelho de origem inglesa mede o hidrogênio expirado na respiração e tem função de quantificar as moléculas de hidrogênio. A partir daí, uma vez em jejum, as quantidades baixas vão dar a medida da reação à presença das substâncias intoleradas no organismo. “O aparelho consegue detectar intolerâncias à lactose, frutose, sorbitol e outras, que antes dependiam de exames de sangue e, hoje, podem ser feito através da respiração, sem dor e com diagnóstico preciso”, afirma o gastroenterologista Mikaell Alexandre Gouvea Faria, de Rio Preto.

Quem aprova o equipamento é a nutricionista Inty Davidson, de São Paulo, que considera o teste válido, pois quando a pessoa é alérgica à lactose ela não tem a enzima responsável pela “quebra” dessa molécula, que chega até o intestino grosso na forma não digerida. “Isso faz com que as bactérias presentes nesta parte do intestino tenham grande quantidade de açúcar para se alimentar e gerar (como fruto da sua alimentação) fermentação e gases”, diz.

Esclarecimento

O hospital Edmundo Vasconcelos, de São Paulo, realiza de forma periódica uma palestra gratuita, on-line, para esclarecer a população sobre alergias e intolerância alimentar. A última delas, ocorrida há dois meses, foi conduzida pelas alergologista Yara Mello e a nutricionista Dyaiane Marques dos Santos, ambas especialistas no assunto.

Quem já se submeteu a um exame com o equipamento foi a funcionária pública aposentada Marlene Maria Gonçalves, de 59 anos, que descartou ser intolerante a frutose e sacarose. “Agora deu uma alteração na lactose, e após algumas mudanças na alimentação já estou me sentindo muito melhor. Ao menos parece que a dor e a distensão abdominal estão reduzidas. Ainda é cedo para afirmar que desapareceu, mas tenho certeza que vai melhorar”, diz.

Resistência

Estudo realizado pelo Departamento de Gastroenterologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo revela que 43% dos brancos e mulatos têm algum grau de resistência à lactose, sendo mais frequente entre os negros e japoneses. Segundo os pesquisadores, a orientação, para as vítimas, é que suspendam o consumo de alguns derivados do leite e alimentos contendo lactose, em outros casos, é preciso mesmo a restrição total da lactose na dieta.

Bactérias do bem

O proctologista Roberto Luiz Kaiser Junior, de Rio Preto, explica que é muito importante poder lançar mão deste teste para detecção de intolerâncias alimentares e a suspeita de supercrescimento bacteriano intestinal. Uma vez que as vítimas podem apresentar, além das dores abdominais e diarreias, aumento de gases e dos ruídos abdominais.

O médico observa que, dependendo do diagnóstico, além de suspender determinado alimento é possível fornecer a enzima que está baixa, ou, no caso dos supercrescimento bacteriano, recomendar o uso de medicações específicas. “Há situações em que é preciso reduzir o número delas na porção intestinal. E equilibrar nos demais segmentos do intestino”, diz.

Uma outra forma de auxiliar a combater as bactérias maléficas são os probióticos, microorganismos que, quando ingeridos, exercem efeitos benéficos para a saúde. Os organismos vivos podem ser encontrados em produtos como suplementos em pó e outros alimentos. Na nutrição esportiva, os probióticos estão cada vez mais presentes na dieta dos atletas por meio dos suplementos nutricionais.

Para o nutrólogo Daniel Magnoni, cardiologista e presidente do Instituto de Metabolismo e Nutrição (IMeN) e diretor de Nutrição do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, basta ver um estudo recente que revela que homens e mulheres saudáveis que consumiram dose diária de probióticos durante os cinco meses de duração do estudo apresentaram redução no risco de doenças do trato respiratório superior em 27%.

“As doenças podem impactar no rendimento do atleta durante o treinamento pesado ou a competição. Dessa forma, os probióticos podem reduzir a sensibilidade às doenças infecciosas e garantir uma boa absorção dos nutrientes, melhorando o desempenho”, diz. Qualquer área profissional pode solicitar o exame. A única contraindicação de uso é a intolerância hereditária à frutose, que neste caso requer a avaliação individual do paciente.

O GASTROLYSER AJUDA A DIAGNOSTICAR
:: Má absorção de lactose
:: Intolerância à lactose
:: Má absorção de carboidratos e discriminação deficiência
:: Supercrescimento bacteriano
:: Má absorção de sacarose
:: Má absorção de frutose
:: Supercrescimento bacteriano lactulose
:: O tempo de trânsito intestinal

VOCÊ SABIA?

:: Em pessoas cuja lactase não é persistente, recomenda-se evitar temporariamente leite e produtos lácteos da dieta para se obter remissão dos sintomas. Tal tarefa pode ser dificultada pela presença de alimentos com lactose não identificada na sua composição. As maiores concentrações de lactose se encontram no leite e sorvete, enquanto que os queijos geralmente contêm quantidades menores

:: Já o leite de vaca, por sua vez, não provoca apenas alergias alimentares, mas também outro tipo de reação, a intolerância alimentar, que segundo o imunologista e alergista Marcello Bossois, coordenador técnico do Projeto Social Brasil Sem Alergia, cerca e 35% da população mundial sofre com algum tipo de alergia

:: “No caso do leite, ambos os processos podem ser bastante perigosos, sobretudo a alergia, causada pelas proteínas presentes neste alimento, que podem levar ao óbito e se desenvolver em qualquer pessoa, independente de sua idade, sexo ou estilo de vida. No entanto, os recém-nascidos são os mais afetados pelas doenças, e cerca de 6% das crianças até o 3º ano de vida sofrem com a alergia alimentar. Já a intolerância à lactose, que é a dificuldade de digerir o açúcar encontrado no leite de vaca, e demais intolerâncias aos compostos de diversos alimentos como o glúten, os crustáceos, além de corantes e conservantes, chega a atingir 25% dos brasileiros”, diz

CRIANÇAS:
:: Em crianças, o método mais usado para diagnosticar alergias é retirar o alimento suspeito por 15 dias ou 1 mês, observando o desaparecimento dos sintomas (gases, diarreia, obstinação, urticárias, sudorese excessiva, agitação, insônia, etc.). O alimento é reintroduzido de forma gradual e qualquer tipo de manifestação que possa ser sintoma de alergia deve ser observada, anotada e monitorada

:: Caso os sintomas reapareçam, o ideal é excluir o consumo do alimento ou ingrediente suspeito. Lembrando que não é preciso eliminar somente o alimento em si, como leite, é preciso não usar qualquer alimento que contenha esse produto como ingrediente, neste caso, é fundamental fazer a leitura do rótulo dos alimentos, onde constam não só os ingredientes, mas também a possibilidade de traços dele

Fonte: Inty Davidson, nutricionista

Por Cecília Dionizio
Diário Web

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