Obesidade pode ser considerada fator de risco para o COVID-19?

A pandemia ocasionada pelo Coronavírus – COVID 19 se apresenta com diferentes formas clinicas. O mais comum é um resfriado um pouco mais intenso do que o comum que desaparece em alguns dias. A outra, é uma forma clinicamente mais grave e que pode levar a pneumonia, insuficiência respiratória e que pode necessitar de ventilação mecânica ou mesmo outras medidas de suporte ventilatório mais invasivas.

Trazemos aqui algumas perguntas que temos recebido com frequência dos pacientes obesos e com doenças associadas à obesidade e também dos pacientes que passaram pela cirurgia bariátrica ou metabólica.

Confira:

Quais são os fatores associados à forma mais grave de COVID19?

Diversas fontes oficiais, como a OMS (Organização Mundial da Saúde), já relacionaram o pior prognóstico do COVID19 com idade superior a 60 anos e doenças associadas, como a hipertensão arterial, diabetes, doenças respiratórias e câncer. Desde o dia 16 de março, autoridades de saúde do Reino Unido atualizaram as orientações gerais sobre a pandemia do novo Coronavírus e incluíram pessoas obesas com Índice de Massa Corporal (IMC) de 40kg/m² na lista de risco da COVID-19. De fato, a obesidade é uma doença crônica e está relacionada diretamente aos outros fatores de risco listados acima.

E mortalidade? Alguma relação com as doenças associadas?

A primeira morte no Brasil por Coronavírus foi de um paciente acima de 60 anos, que sofria de hipertensão e diabetes. Em outros países como a Itália e França, também foi constatado óbitos mais frequentes em portadores de hipertensão e diabetes, seja do tipo 1 ou 2.

As revistas “Journal of the American Medical Association e Lancet”, publicaram artigos onde relacionam que 48% das mortes tinham hipertensão e/ou diabetes associados.

O que fazer para evitar a forma grave do COVID19 em portadores de diabetes?

O portador de diabetes tem alguns problemas com suas defesas imunológicas. Porém, aqueles que estão compensados, com controle da glicemia adequado, com suas medicações sendo tomadas corretamente, tem suas defesas reequilibradas. Portanto, tem menores chances de ter a forma grave do COVID19 e portanto menor mortalidade. O mesmo ocorre com as outras doenças, como a hipertensão arterial. O uso correto da medicação é “chave” para evitar complicações e mortalidade.

E para aqueles que foram submetidos a cirurgias bariátricas e metabólicas? Algum risco?

Cirurgias bariátricas são intervenções sobre o tubo digestivo que levam a perda de peso significativa a longo prazo, superando muitas medicações. Isso já foi demonstrado em diversos estudos com quase 30 anos de seguimento. Já as cirurgias metabólicas, têm como objetivo primário o controle do Diabetes tipo 2 e a perda de peso como desejado efeito colateral. Ambas as operações bariátricas e metabólicas são tratamentos eficazes a longo prazo.

Claramente, as pessoas que foram operadas, tem incontestáveis benefícios. A perda ponderal é consistente e duradoura e o controle do diabetes e da hipertensão são em números expressivos Portanto, aqueles operados tem risco muito menor de contrair o Coronavírus, se comprado ao seu estado de saúde quando eram portadores de diabetes, hipertensão e obesidade. Inúmeras publicações nos mostram que as defesas imunológicas são restabelecidas.

O risco de contaminação é igual ao da maioria da população. Porém, a chance de formas graves e mortalidade é menor do que no pré-operatório.

É claro que – pessoas com as doenças associadas controladas, seja com remédios ou com cirurgia bariátrica e metabólica – devem seguir todas as orientações para prevenção da transmissão do COVID19.

Dr. Ricardo Cohen é Coordenador do Centro de Obesidade e Diabetes (COD) do Hospital Alemão Oswaldo Cruz

Fonte: Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica

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