A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bari\u00e1trica e Metab\u00f3lica (SBCBM) considera o crescimento da obesidade no Brasil nos \u00faltimos dez anos um dos maiores problemas de sa\u00fade p\u00fablica da atualidade.<\/p>\n
Os dados divulgados, nesta semana (17\/04), pelo Minist\u00e9rio da Sa\u00fade apontam que a preval\u00eancia da obesidade entre a popula\u00e7\u00e3o brasileira passou de 11,8% em 2006 para 18,9% em 2016, atingindo quase um em cada cinco brasileiros.<\/p>\n
As informa\u00e7\u00f5es integram a Pesquisa de Vigil\u00e2ncia de Fatores de Risco e Prote\u00e7\u00e3o para Doen\u00e7as Cr\u00f4nicas por Inqu\u00e9rito Telef\u00f4nico (Vigitel) realizada em todas as capitais do pa\u00eds.<\/p>\n
Entre as medidas propostas como emergenciais pela diretoria da SBCBM est\u00e3o a cria\u00e7\u00e3o de bases nacionais de enfrentamento da obesidade, atua\u00e7\u00e3o na preven\u00e7\u00e3o infantil e est\u00edmulo a pr\u00e1tica esportiva, no tratamento terci\u00e1rio de adultos obesos e, inclusive, na implementa\u00e7\u00e3o em larga escala de centros de cirurgia bari\u00e1trica.<\/p>\n
“\u00c9 necess\u00e1rio um trabalho conjunto de toda a sociedade para frearmos esta epidemia que a obesidade se tornou em todo o mundo e, especialmente, no Brasil”, declarou o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bari\u00e1trica e Metab\u00f3lica (SBCBM), cirurgi\u00e3o do Paran\u00e1, Caetano Marchesini.<\/p>\n
Para ele, os dados que apontam o crescimento do diagn\u00f3stico m\u00e9dico de diabetes, que passou de 5,5% em 2006 para 8,9% em 2016 e de hipertens\u00e3o de 22,5% em 2006 para 25,7% em 2016, s\u00e3o ainda mais alarmantes.<\/p>\n
“Os custos com as doen\u00e7as associadas \u00e0 obesidade sobrecarregam o sistema p\u00fablico de sa\u00fade, oneram a iniciativa p\u00fablica e privada, j\u00e1 que reduzem a capacidade de trabalho, e custam R$ 488 milh\u00f5es todos os anos aos cofres p\u00fablicos. Dados do pr\u00f3prio Minist\u00e9rio da Sa\u00fade indicam ainda que 25% desse valor destina-se a pacientes com obesidade m\u00f3rbida, os quais custam cerca de 60 vezes mais do que uma pessoa obesa sem gravidade”, completou Marchesini.<\/p>\n
Excesso de peso e obesidade – A pesquisa Vigitel tamb\u00e9m mostrou que obesidade aumenta com o avan\u00e7o da idade. Mas mesmo entre os mais jovens, de 25 a 44 anos, atinge indicador alto: 17%.<\/p>\n
Excesso de peso tamb\u00e9m cresceu entre a popula\u00e7\u00e3o. Passou de 42,6% em 2006 para 53,8% em 2016. J\u00e1 \u00e9 presente em mais da metade dos adultos que residem em capitais do pa\u00eds.<\/p>\n
O cirurgi\u00e3o bari\u00e1trico do Rio de Janeiro, F\u00e1bio Viegas, vice-presidente Societ\u00e1rio da SBCBM, acredita que os resultados da pesquisa retratam uma situa\u00e7\u00e3o que vem sendo alertada e prevista desde o in\u00edcio do s\u00e9culo.<\/p>\n
“O Brasil acordou hoje com a informa\u00e7\u00e3o de que estamos vivendo uma epidemia de obesidade. No entanto, o grande problema da obesidade \u00e9 que as doen\u00e7as a ela associadas podem matar. A hipertens\u00e3o arterial e o diabetes, duas das mais lesivas patologias que podem acometer o ser humano, s\u00e3o exemplos. Al\u00e9m disso, outro fator preocupante est\u00e1 na faixa socioecon\u00f4mica que a obesidade atinge”, destacou F\u00e1bio Viegas. Ele refor\u00e7a a import\u00e2ncia de campanhas de preven\u00e7\u00e3o, do incentivo \u00e0 pr\u00e1tica de atividades f\u00edsicas e de campanhas nacionais de enfrentamento \u00e0 obesidade. “Apenas com o esfor\u00e7o de todos teremos sucesso, caso contr\u00e1rio, no futuro teremos uma sociedade de doentes cr\u00f4nicos”, completou Viegas.<\/p>\n
A mudan\u00e7a de h\u00e1bitos alimentares tamb\u00e9m est\u00e1 sendo associada ao aumento de peso da popula\u00e7\u00e3o. Os dados da pesquisa apontam a redu\u00e7\u00e3o no consumo regular de feij\u00e3o de 67,5% em 2012 para 61,3% em 2016. E o consumo de frutas e hortali\u00e7as por apenas 1 entre 3 adultos.<\/p>\n
Para o vice-presidente M\u00e9dico da SBCBM, cirurgi\u00e3o da Bahia Dr. Marcos Le\u00e3o, reduzir a obesidade no Brasil \u00e9 uma meta que j\u00e1 supera o desafio de erradicar a fome e a desnutri\u00e7\u00e3o.<\/p>\n
“Mais da metade da popula\u00e7\u00e3o brasileira est\u00e1 acima do peso, consequ\u00eancia dos p\u00e9ssimos h\u00e1bitos de vida de boa parte dos brasileiros”, disse o Dr. Marcos Le\u00e3o.<\/p>\n
O m\u00e9dico reitera que o quadro atual mostra a transi\u00e7\u00e3o alimentar no Brasil, que antes era a desnutri\u00e7\u00e3o e agora est\u00e1 entre os pa\u00edses que apresentam altas preval\u00eancias de obesidade.<\/p>\n
“E o mais grave \u00e9 que as taxas de obesidade e sobrepeso s\u00e3o maiores entre as pessoas com menor acesso \u00e0 educa\u00e7\u00e3o e renda salarial mais baixa”, demonstrou Le\u00e3o.<\/p>\n
Por outro lado, o cirurgi\u00e3o baiano ressaltou que n\u00e3o existem investimentos suficientes para o tratamento conservador da obesidade, especialmente entre a popula\u00e7\u00e3o de baixa renda. “A cirurgia bari\u00e1trica, no entanto, continua sendo a \u00fanica ferramenta eficaz para tratar em definitivo a obesidade grave, mas infelizmente ainda \u00e9 um tratamento pouco acess\u00edvel \u00e0 maioria da popula\u00e7\u00e3o que precisa”, pondera Le\u00e3o.<\/p>\n
A nutricionista, Lorraine Ferraz, integrante do n\u00facleo de Sa\u00fade Alimentar da Comiss\u00e3o de Especialistas Associados (COESAS) da SBCBM, diz que a alimenta\u00e7\u00e3o saud\u00e1vel \u00e9 uma grande aliada na preven\u00e7\u00e3o da obesidade e na melhora da qualidade de vida.<\/p>\n
“N\u00e3o s\u00e3o necess\u00e1rias f\u00f3rmulas m\u00e1gicas e nem alimentos milagrosos, como muitos ainda buscam equivocadamente. A redu\u00e7\u00e3o no consumo de alimentos industrializados e o incentivo a pr\u00e1tica de descascar mais e desembalar menos, deve ser o foco”, defendeu Lorraine.<\/p>\n
A nutricionista orienta a manuten\u00e7\u00e3o di\u00e1ria do consumo de hortali\u00e7as e frutas, pois al\u00e9m de fornecerem vitaminas e minerais, possuem componentes bioativos que s\u00e3o altamente ben\u00e9ficos ao organismo. “N\u00e3o podemos esquecer das fontes de prote\u00ednas, gorduras boas e dos carboidratos complexos (os integrais de prefer\u00eancia)”, explica.<\/p>\n
Ela explica que um prato balanceado deve ser formado metade por verduras e legumes, um quarto de carboidratos de boa qualidade e um quarto de prote\u00ednas.<\/p>\n
Para atingir estas recomenda\u00e7\u00f5es o ideal \u00e9 manter um planejamento adequado, incluindo compras programadas ao mercado, pr\u00e9-preparo de pequenos lanches para levar para o trabalho\/escola, manter saladas prontas em casa, dentre outras medidas.<\/p>\n
“A falta de op\u00e7\u00f5es saud\u00e1veis faz com que as pessoas acabem optando por refei\u00e7\u00f5es inadequadas, ricas em gorduras ruins e carboidratos simples”, finaliza.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
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