Cirurgia bariátrica resulta na remissão da hipertensão em 60% dos casos

No Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial, comemorado nestaquarta-feira (26 de abril), a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) reforça que o tratamento cirúrgico da obesidade pode resultar na remissão da pressão alta em mais de 60% dos casos.

“A hipertensão arterial é a elevação da pressão dos vasos sanguíneos e pode ser agravada por vários fatores, entre eles, a obesidade. No entanto, a cirurgia bariátrica tem se mostrado uma ferramenta eficaz no controle da hipertensão arterial. Isso porque, a obesidade está diretamente relacionada à ingestão inadequada de alimentos ricos em calorias, gorduras, sal e também está associada ao sedentarismo”, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), Caetano Marchesini.

Estudos comprovam. Em um recente estudo publicado pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar – entidade sem fins lucrativos que realiza pesquisas para subsidiar políticas públicas na área de saúde – foi comprovado que a  perda de peso de 15%  por um período de dez anos controla comorbidades associadas à obesidade, entre elas, a hipertensão. A cirurgia bariátrica no entanto, atinge índices de perda de peso muito superiores aos preconizados  e que podem chegar a 40%. O Estudo do Instituto, realizado pelo Núcleo de Avaliação de Tecnologias da Saúde da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, concluiu que além do benefício da perda de peso, a cirurgia bariátrica reduz a mortalidade de obesos mórbidos devido a melhora das doenças associadas à obesidade. A remissão de casos de hipertensão arterial foi constatada em 61,7% dos pacientes submetidos a cirurgia bariátrica.

A cardiologista Rita Baratta explica que a obesidade é um fator de risco cardiovascular. “A idade e a genética são fatores de risco não modificáveis. Já o estilo de vida relacionado à obesidade é um fator de risco modificável”, conta a cardiologista. Segundo ela, a gordura aumenta os níveis de insulina no sangue e a retenção de sódio pelos rins, contribuindo para o desenvolvimento da hipertensão arterial.

Estudos mostram que a redução do peso corporal ocasiona redução da pressão arterial.  Como exemplo, a cardiologista cita uma pesquisa recente, realizada na Suécia, e que acompanhou por oito anos 1.500 pacientes obesos. “No caso dos pacientes operados, quando eles atingiram uma redução de peso de 18% foi constatada a queda da pressão arterial. No caso dos pacientes obesos que não passaram pela cirurgia, apenas 20% deles conseguiram se manter magros só com exercícios físicos e dieta”, contou Rita Baratta.

Para ela, a cirurgia bariátrica para o tratamento da obesidade mórbida é de suma importância para reduzir fatores de risco cardiovasculares como a hipertensão arterial.

“A cirurgia bariátrica trabalha com a redução do esforço no coração e, dessa forma, diminui os níveis de pressão. Com a perda de peso corporal, a prática de exercícios físicos e mudanças na dieta, o controle da hipertensão é feito mais facilmente”, reforça Rita Baratta.

Perda de peso reduz risco de hipertensão – A nutricionista Tamires Precybelovicz, integrante do núcleo de Saúde Alimentar da Comissão de Especialistas Associados (COESAS) da SBCBM, ressalta que a mudança comportamental, estilo de vida saudável e um plano alimentar equilibrado são as principais medidas para o controle da pressão arterial.

“O padrão alimentar atual promove o aumento da pressão arterial pelo aumento do consumo de sódio presente em alimentos pré-preparados, juntamente com o aumento de gordura nesses alimentos, promovendo melhor palatabilidade e gerando a longo prazo, excesso de peso”, relata Tamires.

Ela explica,  que para alguns pacientes é recomendado o padrão alimentar DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertenion), baseado no consumo de frutas, hortaliças, fibras, minerais e laticínios com baixo teor de gordura. Os benefícios dessa dieta estão relacionados com o alto consumo de potássio, magnésio e cálcio.

“No entanto, para indivíduos com obesidade mórbida, a cirurgia bariátrica deve ser considerada, se mantido o acompanhamento a longo prazo”, finaliza Tamires.

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